Maria José Gomes da Silva, conhecida como Zezinha, nasceu em 1968 em Campo Alegre, às margens da Boca do Jequitinhonha. Filha de artesãos, cresceu vendo os pais moldarem a argila e cedo iniciou seu próprio caminho na cerâmica. Hoje, é reconhecida em todo o Brasil por seu trabalho primoroso: bonecas de feições delicadas, esculturas expressivas e acabamento sempre caprichado, que revelam a força e a identidade da região.
O Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais, transformou sua realidade por meio da cerâmica. Em uma região marcada por desafios sociais, as mulheres artesãs tornaram-se protagonistas, levando adiante a tradição de modelar o barro em peças únicas, que unem força, delicadeza e identidade cultural.
Foi em Santana do Araçuaí, distrito de Ponto dos Volantes (MG), que nasceu a tradição das bonecas de barro, criadas por Dona Izabel Mendes da Cunha, uma das ceramistas mais importantes do Brasil. Sem saber ler nem escrever, Dona Izabel desenvolveu uma linguagem visual única, dando vida a bonecas de traços fortes e expressões marcantes, que conquistaram o Brasil e o mundo. Seu legado atravessa gerações e hoje é mantido por filhos, netos, bisnetos e diversos aprendizes.
Em 2004, seu talento foi reconhecido internacionalmente com o Prêmio Unesco de Artesanato para a América Latina, reforçando o valor cultural da produção do Vale do Jequitinhonha. Conhecidas também como obras das “Viúvas da Seca” ou “Viúvas de Marido Vivo”, essas peças revelam a força criativa das mulheres que, diante das dificuldades, transformaram o barro em arte e sustento.
A produção é inteiramente artesanal: da coleta do barro ao preparo, da modelagem à queima, até os traços finais da pintura feita com pigmentos naturais. Cada peça é singular e carrega em si a memória e o talento de gerações.
Desde 2018, a Cerâmica do Vale do Jequitinhonha é reconhecida como Patrimônio Imaterial de Minas Gerais, consagrando os saberes, ofícios e expressões artísticas da região.
Dimensões: A 51 X C 26 X L 33 cm